SEGUNDO DIA DA PNAF DE SÃO PAULO DESTACA PARTICIPAÇÃO DOS GRUPOS
Segundo e último dia das Oficinas da PNAF em São Paulo tem destaque para trabalhos dos grupos.
O saldo do segundo e último dia da Oficina de São Paulo foi unânime: a colaboração dos usuários do Controle Social foi fundamental na elaboração de propostas sólidas para a Politica Nacional de Assistência Farmacêutica.
“O Controle Social é participação do cidadão na gestão pública, na fiscalização e na colaboração de políticas públicas”, explicou a diretora do Sindicato dos Farmacêuticos no estado de São Paulo, Ana Cláudia Navarro. “Não só da cidade de São Paulo, mas do estado todo. No grupo que eu participei tinha seis cidades representadas”.
Segundo Ana Cláudia, a discussão da Política Nacional de Assistência Farmacêutica com “outros participantes” que não são da categoria reforça o principal objetivo das oficinas regionais, e “fez toda diferença”. “Com o controle social você sai da sua zona de conforto, porque você vê a reação dos usuários diante das políticas” propostas.
“A oficina de São Paulo teve muito essa característica, e nos mostra a necessidade da parceria com o Controle Social, não só aquele que fiscaliza, mas também aquele que propõem.”, elogiou a diretora da Escola Nacional dos Farmacêuticos, Fernanda Mazini.
A presença dos representantes dos Conselhos Municipais de Saúde colaborará para a criação de um documento mais do que especial. Divididos em cinco grupos, as oficinas debateram sobre os “recursos humanos no sus”, o “financiamento da assistência farmacêutica, a “gestão da assistência farmacêutica”, o “desenvolvimento científico” e, por fim, a “universalidade do acesso a saúde”.
Trabalho dos grupos
Cada grupo investigou as forças, as fraquezas, as oportunidades e as ameaças da PNAF, de modo a indicar pontos fundamentais para o seu desenvolvimento. Não foi tarefa fácil. Mas, o diagnóstico do trabalho será pilar fundamental na criação do documento final, que será apresentado em Brasília, no fim do ano.
O maior desafio das Oficinas, contudo, é despertar os profissionais e a população para a importância de novos debates. Para a ex-presidente da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar) e palestrante do evento, Célia Chaves, o objetivo “está sendo cumprido”. “Os participantes estão vindo para aprender mais sobre a política, estão realmente interessados nisso e essa tem sido a grande diferença das oficinas”.
Célia não tem dúvidas que o maior benefício da PNAF à população é o estabelecimento das “principais diretrizes dos gestores, em relação às ações que devem ser planejadas e executadas por cada um das esferas de governo”, uma vez que esta política trata de um conjunto de ações para o desenvolvimento de todo o sistema de saúde. “Isso resulta lá na ponta em uma população atendida na suas necessidades farmacêuticas, seja no fornecimento de medicamentos, ou serviços que possam ser prestados”.
O farmacêutico faz parte do pacote de saúde básica. Por isso, o Sistema Único de Saúde ganha muito com a PNAF. “O SUS só estará completo na sua integralidade na medida em que as políticas farmacêuticas forem executadas”, resume Célia.
Farmácia estabelecimento de saúde
Fernanda também vê a inclusão do farmacêutico como ponto primordial na rotina do SUS, e enxerga na aprovação da lei que regulamenta as farmácias um passo adiante para essa “integralidade”. “Eu já vejo isso como um fortalecimento ainda maior da assistência farmacêutica. É olhar e reconhecer que aquele espaço na unidade de saúde faz parte da terapêutica do usuário, porque ele está inserido na linha de cuidado”.
Para Fernanda, há uma ligação direta entre o reconhecimento da farmácia como um ponto de assistência à saúde, e a elaboração de políticas públicas. “Hoje, o próprio usuário vê a necessidade de ter um farmacêutico qualificado atendendo. É com base nisso que é possível afirmar que a farmácia como um estabelecimento de saúde não é uma demanda só dos farmacêuticos”.
Uma das fraquezas elencadas pelos grupos é a realização de muitos debates, mas ações limitadas. De acordo com a professora Fernanda, o modelo seguido pelas oficinas é um remédio poderoso. “Essa metodologia é importante para gente sair do debate e ter um documento claro” sobre as futuras ações. “Eu não conheço outro processo onde se fez a avaliação de uma política [pública] coletivamente”.
Incisiva na avaliação, Fernanda destaca que “a PNAF não é coisa de farmacêutico” mas uma tarefa de todos que estão “envolvidos na promoção do uso racional de medicamentos”
Envolver todos os profissionais de saúde foi uma missão cumprida em São Paulo. O diretor de Formação Sindical do Sindicato dos Farmacêuticos no estado de São Paulo, Fábio Garcia, não esconde a satisfação.
“O conhecimento trazido por todos, principalmente pelos usuários do SUS, estão enxergando a necessidade do profissional”. Célia concorda. “Não houve esvaziamentos de público no segundo dia, as pessoas estão realmente interessadas em colaborar”.
Ter o farmacêutico sempre presente é uma tecla a ser batida ainda muitas vezes. Contudo, a lição final, segundo Fábio, é de que “a mensagem está sendo dita”. O sucesso da PNAF de São Paulo não deixa dúvidas: há gente ouvindo. E com atenção.
Leonardo Cândido Simões
MÍDIA