Recomendações ao enfrentamento da resistência antimicrobiana devida ao excesso de antibióticos na agropecuária
Produzida pelos pesquisadores da Ensp/Fiocruz Rafael Almeida da Silva, autor de tese de doutorado que orientou o estudo, Vera Lucia Luiza e Jorge Bermudez, a nota técnica aponta que esse é um problema de reponsabilidade de todos os atores envolvidos na produção animal, como médicos veterinários, produtores rurais, fábricas de ração animal e indústria farmacêutica.
Entre as estratégias recomendadas estão: emissão de receituário veterinário eletrônico (e, em caso de necessidade de prescrição manual, retenção da segunda via da receita do médico veterinário no estabelecimento de dispensação); ampliação do Programa Nacional de Assistência técnica e rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agropecuária (Pronater) para suprir a necessidade de assistência dos agricultores familiares e pequenos produtores; fiscalização nos estabelecimentos de dispensação de antibióticos (casas agropecuárias e fábricas de ração), parceria entre os conselhos Federal e regionais de Medicina Veterinária (CFMV e CRMVS) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); boletins de vigilância epidemiológica sobre a incidência de AMR-Bactéria e consumo de antibióticos nas diferentes regiões brasileiras; regulação da publicidade das vendas de antibióticos de uso veterinário e conscientização do produtor sobre a resistência antimicrobiana; inserção de mensagens como O uso deste produto causa resistência nos rótulos de antibióticos de uso veterinário; discussão sobre o aspecto ético envolvendo o médico veterinário que representa a indústria farmacêutica.
De acordo com os autores, o uso preventivo de antibióticos em animais – considerado o principal problema do processo de produção – é um desafio complexo. “Exige a transformação do modelo de produção atual para um sistema de produção animal sustentável, com um nível de biosseguridade e bem-estar animal aceitáveis”, escrevem. “Logo, o desafio do enfrentamento da AMR-Bacteria e da preservação destes medicamentos classificados como bens comuns da humanidade é para longo prazo e exige uma busca contínua por consenso entre os mais diversos atores para encontrar soluções viáveis para os diferentes contextos sanitários do sistema de produção animal em cada país”, consideram.
Fonte: CEE-FIOCRUZ